quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Capítulo 2
Please Mr. Postman



Querida Lore...

Como vão as coisas com você nessas férias? Espero que esteja bem... Provavelmente deve estar se divertindo muito... Revendo seus irmãos... e ainda com a Melinda na sua casa... Sem falar no monte de parentes que você tem. Deve estar uma festa enorme por ai.

Eu estou legal. É incrível que descobrimos o quanto sentimos falta de casa quando estamos em casa. Estamos nos preparativos para a ceia. Não sei se te contei, mas minhas avós têm um restaurante aqui em Manchester. Nada muito grande, mas é bacana. Eu te mostro quando você vier aqui. Fazemos a ceia de Natal sempre lá. A comida das minhas avós é uma coisa de fazer cair o queixo. O pudim de Natal da Vovó Franny é tão bom quanto o peru da vovó Emma. Acho que nem os elfos de Hoggy conseguem cozinhar tão bem.

Tio Jack deve chegar na noite da ceia, pena que a tia Andie não conseguiu vir de Nova York...Eu já te falei dos meus tios, não falei? Se não tiver falado, conto em outra carta.

A Heather está aqui, pescoçando, perguntando para quem estou escrevendo. Pediu para mandar um abraço para a Fê.

E eu, sinto que estou enrolando... Como sempre, aliás, dizendo um monte de coisas quando na verdade o que eu queria dizer é que sinto saudades. Muitas saudades. Mais do que qualquer coisa que eu escreva aqui possa traduzir.

Foi tão bom o tempo que passamos juntos na festa do Slughorn. Mas tão rápido (Nessas horas um vira-tempo faz realmente falta). Não queria ter que esperar todos esses dias para te ver de novo. Mas, paciência, vou ter que me contentar com as cartas. (e desconfio que vou entupir a sua caixa de correio, espero que não se importe)

Beijos,
Herman.


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Mais um dia frio no inverno de York. No interior de uma das casas da cidade, no entanto, o feriado estava sendo particularmente diferente dos anos anteriores. Fosse em outras épocas, haveriam quatro ao invés de cinco filhos na casa dos McGuire. Também haveria uma Lorelai mais sociável e uma Felicity mais reclusa. Liz, a mãe das meninas, observava a mudança que poucos meses em Hogwarts provocaram na pequena Fê. A pirralha até havia arranjado uma amiguinha e estava se correspondendo com ela, coisa que em outras épocas ninguém esperaria.

Quanto à Lore, achou melhor não perguntar nada por enquanto, talvez a menina estivesse somente cansada da viagem e afinal, era o ano dos NOMs. É certo que Lorelai nunca foi dada a dispensar horas preciosas do seu tempo com estudos, mas naqueles dias, invariavelmente, Liz se deparava com a filha mais velha carregando livros de um lado para outro, vigiando as corujas no céu ou sentada na janela esperando algo que ela descobriu, mais tarde, ser o "carteiro", como os trouxas chamavam os sujeitos que faziam o serviço das corujas.

Não bastasse, a presença de Melinda em sua casa realmente era prazerosa. Liz encantou-se com a moça, desprendendo-lhe cuidados como se ela também fosse sua filha, e não somente do esposo. Mel estava à vontade entre os familiares recém-descobertos e parecia uma criança junto dos irmãos menores. Sensível, a matriarca do clã dos McGuire atribuiu o comportamento da jovem ao fato de ser a primeira vez que ela se via verdadeiramente em família. Melinda crescera somente com a mãe, que sempre fez tudo o que pôde para melhorarem de vida, ainda que fosse às custas da filha. Embora para Mel a atitude da mãe também fosse proveitosa para ela, estar rodeada de irmãos e ser cuidada como um bibelô era realmente maravilhoso.

Numa manhã friorenta, eis que o carteiro finalmente bateu à porta.

- Eu atendo, é pra mim! - a moreninha desembestou correndo até a porta. Recebeu o moço com polidez, entrando em seguida, com um envelope meio escondido atrás das costas.

- Recebeu cartas, Inha? Do seu namorado ou das suas amigas? Ou de todos eles? - Melinda provocava.

- Shhh, fala baixo, Mel, mamãe pode ouvir e vai me arrancar o couro se souber dessas coisas. E depois, eu não tenho namorado. Cadê a Fê?

A irmã mais velha sorriu.

- A branquela está na cozinha com Liz. E vai me dizer que você não está namorando? Engana outro que de boba eu não tenho nada.

Lorelai coçou a cabeça. O pior é que estava dizendo a verdade, embora desejasse que as palavras da irmã simbolizassem algo verídico.

- Não tô, Inha, é sério.

- Ah, vai me dizer que não rolou nem uns beijinhos, Madame Butterfly?

- Não... - a quintanista suspirou.

- Eu não posso acreditar! - Melinda protestou sem esconder o ar de riso. Era impressionante o quanto aqueles dois eram lerdinhos. - Vocês passam a festa inteira grudados, eu me dou o trabalho de tirar as pirralhinhas de perto de vocês na estação e você me vem agora com essa cara mais deslavada do mundo me dizendo que não rolou NEM UM BEIJINHO? O que vocês dois têm na cabeça? Titica de morcego?

- Nem me fale em morcegos... - Lore resmungou. - Trauma de infância, se é que me entende. Agora pode me dar licença um instantinho? Preciso checar minhas correspondências...

- Certo, mocinha, mas assim que tiver novidades, eu quero saber. Precisamos dar um jeito nessa sua maneira pastel de ser. - a irmã mais velha provocou.

- Ah, não enche! - Lorelai respondeu rindo e se retirou correndo para o quarto. Precisava ler o que recebera o quanto antes.

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